Atualmente, muito se discute sobre as definições,
as relações e as diferenças entre os chamados "clubes sociais" e
"clubes-empresa". As ideias a favor e contra os dois tipos de clubes
são externadas de diversas maneiras.
Muitos, dos chamados acompanhantes do futebol, não
gostam do crescimento dos clubes-empresa, sobretudo pelo fato do surgimento sem
a chamada identidade torcedora. Para estes, os clubes emergem para as
principais competições do país sem a participação da massa torcedora,
mas pura e simplesmente pela arrecadação de dinheiro fornecido pelos
donos do clube ou empresas patrocinadoras. Clubes com estas características
foram vistos com maior frequência nos últimos anos no futebol brasileiro.
Entretanto, muitos especialistas ainda acreditam na
ideia do surgimento dos clubes-empresa para uma evolução do futebol
profissional, isto é, o crescimento de clubes em forma de
sociedade empresarial diminuiria os rombos monetários existentes em grandes
clubes sociais, que continuam cada vez mais se endividando sem poder falir.
Além disso, dizem que em um clube-empresa, pode-se fazer uma gestão mais
profissional e focada nos interesses do clube, já que não são envolvidas tantas
questões políticas e conflitantes como nos clubes sociais, onde os interesses
são os mais diversos. Por último, afirmam que a questão da torcida e
sua relação com o clube aumentaria a partir de conquistas
importantes e promoção da marca ao público jovem. Utilizam exemplos
mais recentes, colocando o Chelsea e o Manchester City como clubes-empresa
que tiveram sucesso para um aumento do número de torcedores e, principalmente,
aumento do consumo da marca.
O meu desejo nessa postagem não é definir o que é
um clube-empresa e um clube social, muito menos falar qual é a minha
preferência. Um clube, não importa de que forma seja ou esteja, deve ter
princípios gerenciais e sociais para dar continuidade a um trabalho
profissional. Assim sendo, seria injusto falar desse tema e não citar o
Barcelona e sua relação social e sua gestão cada vez mais profissional.
Na verdade, praticamente todos os temas ligados ao
futebol, atualmente, se encaixam com alguma cultura corporativa do
Barcelona. Acabei de citar o exemplo de clube-empresa e clube social. O
Barcelona vai ser definido como o que na verdade? "Ah!Claro que é clube
social!”; "Não, não!É um clube empresa!”. Como assim? Seria muito injusto
definir um clube apenas dessa maneira, o Barcelona muito menos.
Existe exemplo melhor de um clube social igual ao
Barcelona da atualidade? Clube que conta com torcedores do mundo inteiro
consumindo seus produtos diariamente, assistindo seus jogos e que
são obcecados pela magia do futebol apresentado pela equipe; que
apoia diversos projetos sociais em parceria com a Unicef; que está conseguindo
a cada dia que passa revolucionar e evoluir o pensamento acerca do futebol; que
conseguiu colocar em prática tudo aquilo que os grandes teóricos falavam a um
bom tempo, mas que nunca conseguiam provar...
Em compensação, existe exemplo melhor de um
clube-empresa igual ao Barcelona da atualidade? Clube que consegue fazer o
melhor processo trainee de todos (Escola La Barça); que promove
sua marca como ninguém; que exerce uma qualidade de vida no trabalho
(QVT) de tirar o chapéu; que tem uma filosofia e cultura gerencial clara, sendo
que quem se adapta são os funcionários e não ao contrário; que não depende de
um jogador, mas de um ideal; que só não tem 2 times na divisão nacional porque
o Barcelona B não pode jogar junto; que tem um staff cada vez
mais criativo e inovador...
Espero que a derrota do jogo de ontem contra o
Chelsea não seja vista como um fim do ciclo de vida útil do produto oferecido
pela empresa. O Barcelona perdeu o jogo por um simples erro de fábrica. Isso
acontece com todas as grandes empresas mundiais.