quarta-feira, 25 de abril de 2012

Barcelona: clube social ou clube-empresa?

Atualmente, muito se discute sobre as definições, as relações e as diferenças entre os chamados "clubes sociais" e "clubes-empresa". As ideias a favor e contra os dois tipos de clubes são externadas de diversas maneiras.

Muitos, dos chamados acompanhantes do futebol, não gostam do crescimento dos clubes-empresa, sobretudo pelo fato do surgimento sem a chamada identidade torcedora. Para estes, os clubes emergem para as principais competições do país sem a participação da massa torcedora, mas pura e simplesmente pela arrecadação de dinheiro fornecido pelos donos do clube ou empresas patrocinadoras. Clubes com estas características foram vistos com maior frequência nos últimos anos no futebol brasileiro.

Entretanto, muitos especialistas ainda acreditam na ideia do surgimento dos clubes-empresa para uma evolução do futebol profissional, isto é, o crescimento de clubes em forma de sociedade empresarial diminuiria os rombos monetários existentes em grandes clubes sociais, que continuam cada vez mais se endividando sem poder falir. Além disso, dizem que em um clube-empresa, pode-se fazer uma gestão mais profissional e focada nos interesses do clube, já que não são envolvidas tantas questões políticas e conflitantes como nos clubes sociais, onde os interesses são os mais diversos. Por último, afirmam que a questão da torcida e sua relação com o clube aumentaria a partir de conquistas importantes e promoção da marca ao público jovem. Utilizam exemplos mais recentes, colocando o Chelsea e o Manchester City como clubes-empresa que tiveram sucesso para um aumento do número de torcedores e, principalmente, aumento do consumo da marca.

O meu desejo nessa postagem não é definir o que é um clube-empresa e um clube social, muito menos falar qual é a minha preferência. Um clube, não importa de que forma seja ou esteja, deve ter princípios gerenciais e sociais para dar continuidade a um trabalho profissional. Assim sendo, seria injusto falar desse tema e não citar o Barcelona e sua relação social e sua gestão cada vez mais profissional.

Na verdade, praticamente todos os temas ligados ao futebol, atualmente, se encaixam com alguma cultura corporativa do Barcelona. Acabei de citar o exemplo de clube-empresa e clube social. O Barcelona vai ser definido como o que na verdade? "Ah!Claro que é clube social!”; "Não, não!É um clube empresa!”. Como assim? Seria muito injusto definir um clube apenas dessa maneira, o Barcelona muito menos.

Existe exemplo melhor de um clube social igual ao Barcelona da atualidade? Clube que conta com torcedores do mundo inteiro consumindo seus produtos diariamente, assistindo seus jogos e que são obcecados pela magia do futebol apresentado pela equipe; que apoia diversos projetos sociais em parceria com a Unicef; que está conseguindo a cada dia que passa revolucionar e evoluir o pensamento acerca do futebol; que conseguiu colocar em prática tudo aquilo que os grandes teóricos falavam a um bom tempo, mas que nunca conseguiam provar... 

Em compensação, existe exemplo melhor de um clube-empresa igual ao Barcelona da atualidade? Clube que consegue fazer o melhor processo trainee de todos (Escola La Barça); que promove sua marca como ninguém; que exerce uma qualidade de vida no trabalho (QVT) de tirar o chapéu; que tem uma filosofia e cultura gerencial clara, sendo que quem se adapta são os funcionários e não ao contrário; que não depende de um jogador, mas de um ideal; que só não tem 2 times na divisão nacional porque o Barcelona B não pode jogar junto; que tem um staff cada vez mais criativo e inovador...

Espero que a derrota do jogo de ontem contra o Chelsea não seja vista como um fim do ciclo de vida útil do produto oferecido pela empresa. O Barcelona perdeu o jogo por um simples erro de fábrica. Isso acontece com todas as grandes empresas mundiais.  

Parabéns, Barcelona! O futebol só tem a perder em não ver um dos maiores times de sua própria história ganhar o mundo novamente...





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