segunda-feira, 23 de abril de 2012

O goleiro e o frango

Ontem estava assistindo ao jogo entre Corinthians e Ponte Preta pelas quartas-de-final do Paulistão e algumas reflexões surgiram acerca da partida. Na verdade, o jogo trouxe uma série de indagações pelo simples fato de ter ocorrido uma derrota inesperada do time do Cotinthians diante da recente emergente Ponte Preta.

Derrota do atual campeão brasileiro, que tem um dos melhores times do Brasil, tem um elenco recheado de jogadores e faz uma ótima campanha na Copa Libertadores! Como isso pode acontecer? Quem são os culpados? O interessante é que todos que acompanham o futebol sabem que o jogo ainda é um dos poucos em que um time inferior pode ganhar e surpreender outro superior. Mesmo assim, fica engasgado na garganta dos espectadores, torcedores, especialistas e conhecedores do futebol quando fatos como esses acontecem.

Nunca pode-se analisar que o time vencedor jogou com mais sabedoria e conhecimento sobre o adversário; que o time vencedor estava com jogadores que desequilibraram a partida, etc. O que se ouve nesses casos, infelizmente, ainda são os motivos pela derrota do time superior e não da vitória do inferior. Na verdade, os assuntos ligados a partida são falados durante uma semana de mesa-redonda nas programações esportivas, a partir de uma simples pergunta: "Quem foi o culpado pela derrota"?

Na partida acima referida, muitos torcedores falaram que o Corinthians estava ligando mais para a Libertadores e que foi até bom perder para não atrapalhar a preparação. Outros falaram que o time estava cansado para jogar esse jogo. Outros falaram que o time entrou de salto alto... Porém, com unanimidade, o culpado da derrota foi o goleiro Julio Cesar. "Se o Julio Cesar não tivesse errado em dois lances, o Corinthians estaria na semi-final"; "O goleiro prejudicou a equipe"; "Julio Cesar frangou em duas bolas".

O goleiro, coitado, que aparece nesse jogo de "pé na bola ou bola no pé", com suas mãos encobertas para fazer a simples tarefa de agarrar as bolas e ao mesmo tempo a complicada tarefa de defender o lugar mais sagrado da partida. O goleiro sempre vive em uma faca de dois gumes. Além de aparecer nas partidas em que seu time é mais atacado, é considerado como o salvador em um dia e o culpado em outro. O famoso mão santa, que também é chamado de frangueiro.

O engraçado é quando fazem essa analogia com o frango, animal este que se encontra em bando nas grandes fazendas e que corre de um jeito em que não somos acostumados a ver. Quem já tentou pegar um frango? É extremamente difícil! Quando você pensa que ele está em suas mãos ele corre para o outro lado de maneira impossível.

Realmente, não teria nome melhor para dar quando ocorre uma falha do goleiro. O frango tem tudo a ver com a bola! A bola que engana; que tem um formato diferente; que apresenta efeitos desconcertantes; que rola tão devagar que confude qualquer um; que é tão rápida que ninguém consegue ver, que pode surpreender ao lado de um morrinho artilheiro, que sobe e desce sem mais nem menos, que tem a ajudinha da trave nos momentos mais críticos.

É... Só o goleiro sabe como é difícil pegar um frango, porque ele é o único que corre atrás. 




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